GESTÃO

Lições Aprendidas: Ah! Se soubéssemos o que sabemos... Parte 1 A dor do esquecimento

Elaborado por Gilberto Peverari

em 16/03/2020

 

– Como foi, mesmo, que eu resolvi isso da outra vez?

Há muitos anos, assisti a uma entrevista em que um neurocirurgião dizia ser bom que nos esqueçamos de algumas informações, para usarmos nossa parte cognitiva. “Se eu me esqueço”, disse ele, “tenho de coordenar as informações no meu cérebro para montar, novamente, uma solução”. Não se pode discordar que isso seja um bom exercício para o cérebro, mas também é um consumidor de tempo e, por vezes, dinheiro.

Vamos tratar, neste artigo, das vantagens de termos acesso a informações sobre uma ação empreendida no passado, que podem ser usadas na solução de um problema atual, bem como da dor, ou ampliação dos custos incorridos, causada pela demora em resolvê-lo.

Não é muito agradável passarmos por situações indesejadas, não é mesmo? Pior ainda quando as tais situações ocorrem novamente. Seria sina ou um sinal de que estamos repetindo padrões de comportamento? Seja qual for a explicação, é certo que, quanto mais rapidamente agirmos para minimizar os efeitos da ocorrência, menores serão as consequências. Portanto, se um fato parecido já nos ocorreu e já temos uma resposta que cumpra este papel, estaremos em condições mais favoráveis.

Agora suponha que tal fato não ocorreu com você, mas com uma pessoa conhecida. Neste caso, dependeremos não somente da nossa memória em lembrar, no momento propício, do problema que ela teve e da solução adotada, mas – mais importante – de ela ter nos contado tudo isso.

Por que depender de tantas circunstâncias? Não haveria um jeito mais simples?

Sim, há. É o que denominamos “Lições Aprendidas”, constituídas de coleta, identificação e registros organizados de ocorrências, ações tomadas e suas consequências.

Em nossa rotina diária pessoal, a menos que seja destino, repetição de comportamento ou outro motivo similar, não são comuns as repetições de contratempos, mas, acontecendo, só temos, basicamente, nossa memória, nosso diário, nossas comunicações arquivadas ou os livros biográficos para consultar.

Profissionalmente, porém, as condições que podem levar a problemáticas conhecidas são mais comuns e as consequências costumam ser mais vultosas. Uma base de lições aprendidas, então, mostra-se muito útil para reduzir os efeitos e a chance de esses problemas surgirem.

Como as condições não são, exatamente, as mesmas, há que fazer ajustes nas soluções adotadas anteriormente, mas ter um ponto de partida e uma linha de raciocínio já ajudam muito.

Ademais, o fato de poder prever possíveis problemas e de agir com antecedência suficiente para eliminá-los ou reduzir a probabilidade de ocorrência e suas consequências, implica em menores investimentos de recursos – ou adrenalina – do que contar com a sorte.

Se já passou por isso, sabe do que estou falando. Dói perder recursos e dói, mais ainda, perdê-los em condições que são velhas conhecidas.

Com o intuito de chamar a atenção para esta ferramenta de baixo custo, que está no dia a dia da organização, e que pode auxiliar a manter o caixa em um nível saudável, resolvi escrever esta série de artigos.

Como tudo o que nos acontece na vida serve de lição para nosso aprimoramento, mas nem tudo vale registrar oficialmente, a próxima parte tratará de como identificar quais acontecimentos têm chance de proporcionar retorno sobre o esforço envidado em relacioná-los.

Até lá!