Elaborado por Gilberto Peverari
em 16/03/2020
Na parte 1 desta série, A dor do esquecimento, foi apresentada a ferramenta denominada “Lições Aprendidas”, que pode ser implementada em seu negócio sem que grande esforço seja despendido.
Foi dito, também, que nem tudo o que acontece no transcorrer da existência deve ser categorizado como lição aprendida, no sentido tratado aqui.
Tome-se o seguinte exemplo: você abasteceu seu carro em um determinado posto e, pouco tempo depois, notou que o motor começou a falhar. Levou-o ao seu mecânico de confiança e ele, após passar o scanner, constatou a necessidade de fazer a limpeza dos bicos injetores. A causa foi determinada como sendo o combustível e a limpeza consumiu seu tempo e seu dinheiro, o que não compensou a economia ao encher o tanque. Acredito que dificilmente você tornará a abastecer naquele posto e, muito provavelmente, comentará com alguns amigos. Se costumar tomar notas destas recomendações, esta estará entre elas.
Para que uma ocorrência possa ser considerada como digna de ter um lugar na base de dados em que acontecimentos pertinentes serão armazenados, é preciso analisar se as circunstâncias que determinaram o evento podem se repetir. Da mesma forma, deve-se avaliar se a solução aplicada foi, realmente, adequada e se pode ser replicada.
Vale lembrar que há duas classes de lições: as que trouxeram proveito e mostram como benefícios semelhantes podem ser obtidos e as que foram eficazes para prevenir que situações similares levassem a prejuízos de mesma monta.
Os registros das classificadas como positivas devem fornecer condições para serem consideradas como oportunidades de maior receita, por exemplo. Desta forma, havendo possibilidade, é recomendável que façam parte de futuros contratos ou sejam acrescidas ao processo de fabricação.
Exemplo: “No ato da entrega, esclarecer o cliente quanto à manutenção do item adquirido para garantir a durabilidade e a qualidade do material por mais tempo, visando valorizar o investimento realizado, oportunidade em que podem ser oferecidos produtos adequados ou serviços periódicos para estender a vida útil da aquisição.”
As consideradas como negativas devem servir de alerta para que as condições ou características que levaram a uma perda não estejam mais presentes.
Exemplo: “Antes de programar o transporte e o tempo de instalação, consultar o cliente quanto às condições de acesso ao local de destino, verificando a possibilidade de o material ser entregue totalmente montado, para não ter de desmontar e montar, novamente, no momento da entrega.”
Procurando deixar mais claro, vamos apresentar, primeiramente, o que uma lição aprendida é:
– Um conhecimento ou entendimento que é adquirido;
– Uma experiência positiva ou negativa;
– Um conceito que seja aplicável a um projeto, processo ou decisão específicos;
– Algo válido, ou seja, baseado em fatos e tecnicamente correto;
– Uma ação capaz de reduzir / eliminar custos e falhas ou reforçar sucessos.
E, agora, vamos delimitar seu significado, apresentando o que uma lição aprendida não é:
– Uma teoria ou uma visão;
– Uma ideia sem efetividade comprovada;
– Uma suposição geral ou declaração sem os detalhes necessários;
– Uma estimativa sobre benefícios futuros.
Na parte 3 desta série de artigos, veremos como coletar e registrar essas experiências, para que, de fato, gerem benefícios. Até lá!