Elaborado por Gilberto Peverari
em 25/01/2022
Nos artigos anteriores A dor do esquecimento, Identificação de uma lição, Onde nascem as lições e Documentação organizada apresentamos como realizar um processo organizado de recuperação, coleta e registro de experiências e o conhecimento adquirido por meio delas.
Nesta última parte, veremos o que este processo traz de positivo para o nosso negócio e como podemos aumentar, ainda mais, o seu valor.
O que me vem à mente, agora, é aquele dinheiro suado guardado embaixo do colchão. Tem um valor momentâneo muito alto, que vai diminuindo ao longo do tempo.
É uma boa analogia, em relação às lições aprendidas que ficam guardadas, acessíveis a uma só pessoa, com receio de que alguém se aproprie indevidamente.
Lições Aprendidas são um investimento. Afinal, você fez um aporte de tempo e dinheiro, deixando a produção em segundo plano para desenvolver a confiança e obter informações importantes daqueles que estão na linha de frente do seu negócio. E, como todo investimento, espera-se que o retorno seja bastante positivo.
Para isso, elas têm de circular, de ser aplicadas em seus negócios atuais ou em novos, sendo atualizadas, conforme essas aplicações mostrem novos pontos de vista ou novas abordagens.
E como fazer isso?
Podemos repetir a rotina descrita no artigo Onde nascem as lições, agendando uma reunião para a atualização dos registros ou podemos, de posse da relação prévia das lições pertinentes às atividades a executar, providenciar uma atualização, após apurar os resultados obtidos com os ajustes feitos às lições originais.
Esses ajustes podem advir do fato de ser um cliente diferente, novo cenário econômico ou novas rotinas de trabalho, por exemplo. Você sabe: não dá para adotar a regra “em time que está ganhando não se mexe”, porque o mercado não está estacionado. Haja vista a situação mundial causada pela COVID-19 ou suas antecessoras.
É preciso, acima de tudo, estar disposto a aprender novas lições e aprimorar as já aprendidas.
E esse aprendizado pode vir de todos os lados, seja de negócios distintos do seu ou de seus colaboradores, que descobrem otimizações que poderiam ser feitas em operações repetitivas.
De quando em quando, converse com alguns grupos, seguindo a premissa de que todos – todos, mesmo! – devem estar abertos a ouvir e contribuir. Uma iniciativa interessante, que vi aplicada em empresas em que trabalhei, é o “Café com o Diretor”, em que, durante o encontro informal de uma hora, assuntos gerais e melhorias eram apresentadas durante um café da manhã com os que se inscreviam. A quantidade de participantes e a frequência dos encontros vai depender das condições do momento e das experiências obtidas de encontros anteriores.
Dependendo do grande impacto – positivo ou negativo – de determinada ocorrência e da probabilidade de se repetir em breve, pode-se realizar uma divulgação direta a todos ou, ao menos, aos líderes, para que estes repassem as informações com as devidas adequações às atividades sob a responsabilidade de seus times.
Outra ideia interessante, em outra empresa, era a comunicação direta entre os montadores no cliente e o time de engenharia de produtos, a respeito de problemas encontrados durante a montagem, de forma que a solução para aquele caso era prontamente desenvolvida e, se fosse o caso, ajustes já eram feitos para os próximos projetos.
Há muitas maneiras de melhorar, seja pessoal ou profissionalmente, individual ou coletivamente, a partir de experiências próprias ou de terceiros.
Como exaltou Peter Drucker, “Conhecimento é um diferencial”. Diferencial que pode determinar o crescimento ou, no mínimo, a continuidade de uma atividade econômica.
Espero que esta série de artigos tenha sensibilizado quanto ao fato de que registrar e atualizar as Lições Aprendidas não é, de forma alguma, perda de tempo, mas possibilidade real de ganho em produtividade e faturamento ou redução de custos operacionais, seja no ramo de produtos ou serviços.
Erros e acertos acontecem, mas o que não se pode deixar acontecer é não aprender com eles.